GRÊMIO 2 X 0 CRUZEIRO
Motivo: 27ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: estádio Olímpico, em Porto Alegre-RS
Data: 02/10 (domingo)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha/GO
Gols: Rafael Marques, aos 4 min do 1º tempo; Escudero, aos 4 min do 2º tempo
Público: 17.507 pagantes
Renda: R$ 329.350,00
GRÊMIO:Victor; Mário Fernandes, Rafael Marques, Edcarlos (Vilson) e Júlio Cesar; Fábio Rochemback, Fernando, Marquinhos (Adilson) e Douglas; Escudero (Miralles) e Brandão
Técnico: Celso Roth
CRUZEIRO:Fábio; Vitor, Victorino, Léo e Gabriel Araújo; Charles, Sandro Manoel (Elber), Everton e Roger (Sebá); Montillo e Farías (Anselmo Ramon)
Técnico: Vágner Mancini
Cartões amarelos: Fábio Rochemback e Miralles (Grêmio); Sandro Manoel (Cruzeiro)
O Grêmio tem o direito de sonhar; e o Cruzeiro, o dever de se assustar. A vitória de 2 a 0 do time gaúcho sobre os mineiros, na noite deste domingo, no Olímpico, teve efeito duplo: os avisos matemáticos de que batalhar por uma vaga na Libertadores pode não ser tão impossível assim para os tricolores e de que o rebaixamento é um fantasma de carne e osso para a Raposa. Rafael Marques e Escudero fizeram os gols de um jogo com placar na medida da justiça.
O Cruzeiro, que neste domingo teve a estreia do técnico Vagner Mancini, tem 29 pontos, na 16ª colocação, apenas dois pontos na frente do Atlético-PR, que fecha a zona de queda. Isso significa que a Raposa, dependendo da combinação de resultados, pode entrar no grupo de rebaixados já na próxima rodada, quando recebe o São Paulo na quarta-feira – o Furacão visita o Avaí no domingo.
O Grêmio, com 36, é o 12º. Mas tem um jogo a menos. Se vencer o Santos na quarta-feira, no Olímpico, em partida atrasada, pulará para nono, a cinco pontos dos classificados para a Libertadores. É possível sonhar - por mais difícil que seja.
Um zagueiro que cheira a gol
Dizem os exagerados que Rafael Marques, antes de sair do hotel em dias de jogo, banha-se em perfume: essência de gol. Dizem os maldosos que ele é perigoso nas duas áreas: a favor e contra. Exageros de um lado, maldades de outro, foi o zagueiro quem colocou o Grêmio na frente, cedinho, repetindo sua rotina de fazer gols. Foi o oitavo do jogador em uma temporada na qual até escanteado ele já foi.
Não é fácil a vida do Cruzeiro. O jogo mal engatinhava quando o time mineiro levou mais um tapa em seu círculo de decepções. Eram quatro minutos. Marquinhos alçou na área, Edcarlos deu uma puxeta, Brandão cabeceou na trave e Rafael Marques, no rebote, completou. A ironia: Edcarlos e Brandão, dois dos atletas envolvidos no lance, jogaram na Raposa.
O que se esperava do Cruzeiro, dada a desvantagem, era criar uma postura mais ofensiva. Nada. O setor ofensivo do time mineiro parece formado por jogadores que foram apresentados uns aos outros cinco minutos antes da partida. A ausência de Bobô, com a entrada de Farías, foi um agravante. Montillo e Roger giraram pelo meio sempre em busca de um atacante que jamais encontraram. Muito pouco. O argentino até conseguiu fazer um gol, em cruzamento de Vitor, mas estava impedido.
Ter pulado na frente permitiu que o Grêmio controlasse o jogo – com domínio, mas sem brilhantismo. Outros gols poderiam ter saído a favor do time da casa, que teve Douglas como diferencial na criação e Brandão como novidade no ataque, já que André Lima, com dores no joelho, ficou fora. O camisa 10 acertou chute no travessão, colocado, no cálculo perfeito para que Fábio não alcançasse. Quase.
Um Cruzeiro com lembranças
Se pudesse, a torcida do Cruzeiro rumaria para um consultório qualquer e apagaria de seu cérebro as lembranças futebolísticas recentes. Deletaria parte da memória, só aquela fatia de desgosto (sentimento tão raro na história recente do clube), no estilo do filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”. Mas é pura ficção. O jeito, para os mineiros, é aceitar que Escudero, com quatro minutos no segundo tempo, marcou mais um para o Grêmio e praticamente (certamente, vá lá) matou o jogo.
Foi um daqueles lances em que o lançamento é mais bonito do que a conclusão. Marquinhos encaixou uma assistência quase de um lado a outro do campo – impecável. O meia argentino recebeu livre, olhos nos olhos com Fábio, e desviou do goleiro adversário. O Cruzeiro ruía.
Chega a dar pena de Montillo. Joga sozinho em um tabuleiro de peças desencontradas. Antes de o Grêmio fazer o segundo gol, o jogador havia mandado uma pancada cruzada, sem ângulo. Seria um golaço se Victor não tivesse espalmado.
O próprio Montillo poderia ter descontado depois. Victor voltou a defender. Douglas e Julio Cesar, do outro lado, também tiveram chances de ampliar. Não conseguiram. Já era um jogo com o placar na medida certa para o que as duas equipes apresentaram.
E assim foi, até o final, com o 2 a 0 para a equipe da casa. O jogo deixa o aviso: o sonho do Grêmio é o pesadelo do Cruzeiro.
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